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Em conversa informal realizada na terça-feira (11), em Curitiba, o diretor administrativo da Sanepar, Luciano Valério, disse que ainda não tem proposta a apresentar aos sindicatos majoritários, jogando mais um balde de água fria nos trabalhadores e nas trabalhadoras que tinham esperanças de ver avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2017/2018.

Os sindicatos estão descontentes com o desprezo do diretor administrativo, que goza do conforto de ser aposentado da Caixa Econômica Federal e agora tem o privilégio de ser “funcionário de luxo” da Sanepar, com um alto salário para fazer esse tipo de serviço. Com certeza, a esta hora ele já está com tudo planejado para passar um ótimo feriado de Páscoa e não ter do que reclamar da vida ou mesmo do emprego que pediu a Deus.

Enquanto isso, nós trabalhadores e trabalhadoras da Sanepar estamos numa “Via Crucis”, prestes a sermos crucificados. Esse descaso com nossas reivindicações demonstra que nós não somos e nem seremos prioridade para essa diretoria, apesar dos serviços de grande relevância que prestamos para a população paranaense.

Parece que a atual diretoria da Sanepar age como se estivesse à frente de uma empresa privada qualquer, onde o lucro é o que importa e os métodos utilizados para se chegar até ele não respeitam nada e ninguém.

AL e TCE estão de olho nos desmandos da Sanepar

Não só os trabalhadores e as trabalhadoras estão descontentes com os rumos que a Sanepar tem tomado nos últimos tempos, por conta de uma diretoria que só se preocupa com a imagem da empresa nos meios de comunicação e com o pagamento de valores cada vez mais altos de dividendos aos acionistas. Esse tipo de atitude que vem marcando a atual gestão da empresa também tem chamado a atenção das autoridades. Os deputados de oposição ao governo Beto Richa (PSDB) estão questionando desde o aumento de 25,65% nas tarifas às transações das ações na Bolsa de Valores e os valores que estão sendo pagos aos acionistas.

Segundo relatório elaborado pelo deputado Requião Filho (PMDB), o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já abriu processo de investigação para verificar se esse índice está correto. Desde que Richa assumiu, em 2011, seu governo já autorizou oito vezes a Sanepar a reajustar os valores das tarifas, totalizando um aumento de 107,04%. No mesmo período, a inflação ficou em torno de 48%.

O relatório do deputado aponta que sempre que é anunciada a intenção da elevação das tarifas as ações da empresa também são valorizadas, beneficiando com isso os acionistas, ao mesmo tempo em que penaliza a população paranaense.

E como isso envolve muito dinheiro, Requião Filho questiona como as chamadas “informações privilegiadas”, sobre as quais a diretoria da Sanepar vai tomar decisões, fazem com que o mercado de ações registre bruscas alterações no valor negociado. Foi isso que ocorreu em fevereiro de 2017, quando foi divulgada a revisão tarifária aprovada pela Agência Reguladora do Paraná – Agepar, autorizando o reajuste de 25,63% parcelado em oito anos.

De um dia para o outro o valor da ação da Sanepar despencou, levando muitas pessoas a perderem muito por não terem conhecimento dessa desvalorização.

A oposição a Beto Richa na Assembléia Legislativa do Paraná (ALEP) e o TCE estão de olho nesses procedimentos, que podem ser classificados como “golpe” no mercado de ações.