Reforçamos a divulgação que nós, sindicatos majoritários – Sindaen, Sindael, Saemac e Staemcp – saímos da Comissão Mista de Revisão do PCCR, pelo entendimento que a proposta em construção retira o direito dos trabalhadores, pois entre as razões destacam-se: descaso da Sanepar sem fornecer dados orçamentários e outros para trabalhar com eles – assim fica na suposição ou utilizando dados extra oficiais; redução dos steps de 2% para 1%; trabalhador demitido por somar 3 avaliações ruins; inclusão do PAI permanente com cláusula de quitação de direitos. Para a presidenta do Sindaen, Vera Pedroso, os critérios podem ser os melhores possíveis, mas sem garantia orçamentária chega no resultado pífio pior que está. “Atualmente a Sanepar concede 2% porque é o menor percentual existente. Para que abrir brecha para a Sanepar pagar somente 1%? É redução de direito. O que se percebe é o interesse da Sanepar em ter menor desembolso para o PCCR e com o aval dos sindicatos”.
Comunicamos à Sanepar nossa saída através de ofício dos majoritários com protocolo na empresa no dia 5 de novembro.
Após mais de 40 dias de “enrolação”, a Diretoria Administrativa da Sanepar enviou na última terça-feira (6), um ofício aos integrantes que ficaram na Comissão Mista formada para revisar e atualizar o PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração) afirmando que não pode fornecer as informações solicitadas.
A empresa alega que é obrigada a seguir o artigo 23 do Regulamento do PCCR, o qual determina que “As promoções, por antiguidade e por merecimento, dependerão da disponibilidade orçamentária da Companhia, devendo ser autorizada pelo Conselho de Administração”.
O ofício diz ainda que o orçamento da Sanepar passa por um processo de planejamento feito todos os anos, coisa que todos estão cansados de saber, para no final do documento afirmar que os dados solicitados pela Comissão são relevantes e altamente estratégicos. Por isso, não podem ser divulgados os critérios e valores, “diante do alto nível de governança e atuação adotado pela Companhia”, por se tratarem de informações sigilosas e de acesso restrito.
*Caixa preta*
Quer dizer então que os critérios, valores e demais mecanismos de ascensão utilizados no PCCR estão guardados numa caixa preta? Se for assim, por que a Companhia convocou as entidades a participar de um processo de revisão se os membros da Comissão não podem ter acesso a dados fundamentais para se chegar a uma proposta capaz de corrigir erros e injustiças existentes no modelo atual?
É preciso avisar o sr. Sérgio Ricardo Veroneze e demais membros da diretoria da Sanepar que não se faz omelete sem quebrar ovos.
Diante dessa situação vexatória, fica ressaltada a falta de vontade da empresa em resolver a questão do PCCR que vem se arrastando há anos, gerando muita insatisfação nos trabalhadores e trabalhadoras esperançosos em ser valorizados com avanços na remuneração e na ascensão profissional.
Fica claro também que essa tal de “governança” só se preocupa em cortar gastos com pessoal, ao mesmo tempo em que faz vistas grossas aos gordos salários da diretoria, consultores, assessores, gerentes e outros membros do alto escalão, sem falar na fortuna que é torrada com publicidade nos meios de comunicação.
*Novo corte de trabalhadores*
O que se tem visto nos últimos tempos na Sanepar é um empenho para atingir as metas apontadas pelo Fator X, que nada mais é do que uma metodologia pela qual as empresas mostram aos acionistas e ao mercado qual é o seu grau de eficiência em relação aos custos e o lucro obtivo. Ou seja: é uma forma de mostrar quanto a empresa gasta para fazer suas operações e quanto isso vai resultar em seu desempenho na comparação ao setor no qual atua.
Assim, a única preocupação da diretoria da Sanepar é atender aos interesses dos acionistas e possíveis investidores que poderão comprar suas ações no futuro.
É por isso que estão usando o Passivo Trabalhista como moeda de troca nas negociações do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), como ocorreu este ano.
Para repassar um índice de reajuste de 4,04%, a Sanepar condicionou trabalhadores e trabalhadoras a desistir das ações trabalhistas referentes à Avaliação de 2009.
E os ataques aos direitos não param por aí. Está sendo imposta a flexibilização de horários e já existem rumores de que no início de 2019 serão lançadas novas edições do PAI (Programa de Aposentadoria Incentivada) e do PDV (Programa de Demissão Voluntária).
*Segundo informações não oficiais, a intenção é assegurar a adesão de cerca de 2.000 trabalhadores e trabalhadoras que já estão aposentados ou que já cumprem os requisitos de idade e tempo de contribuição para requerer este direito. Neste caso, aqueles que acreditam estar numa zona de conforto dentro da empresa devem ficar de barba de molho, pois serão alvo de pressões para sair.
Como o objetivo da diretoria é cortar gastos com pessoal, quem ganha salários mais altos e se acha intocável precisa abrir os olhos.
Isso vai significar mais aumento da sobrecarga de serviços para os que ficam. Além disso, esses Programas escancaram as portas da Sanepar para a terceirização de serviços.*
Tudo isso só amplia o grau de insatisfação dos trabalhadores e trabalhadoras que vestem a camisa da companhia e que não medem esforços para prestar serviços de qualidade para com a população.
Em troca, em vez de valorização pela dedicação, são sufocados por gerentes, coordenadores e gestores, que utilizam a conjuntura atual do país para fazer todo tipo de pressão contra seus subordinados com o único objetivo de atingir as metas traçadas para que a Sanepar bata novo recorde de lucro, melhorando ainda mais sua imagem junto ao mercado da especulação financeira.