A luta pela liberdade e contra a escravidão escreveu algumas das mais belas histórias do nosso país. Dentre tantas e tantas experiências de resistência, destaca-se o Quilombo dos Palmares, em Alagoas, centro da produção e escoamento do açúcar no Brasil.
Tudo começou com a fuga de aproximadamente 40 escravos, em 1580, das Senzalas de um grande engenho da Capitania. Eles se instalaram no interior das matas da Serra da Barriga – que por eles recebeu o nome de Palmares pela grande quantidade de palmeirais na região. Lá, eles desenvolveram técnicas de agricultura e construções de moradias em um ambiente que até então desconheciam.
A notícia do quilombo – palavra do idioma Mbundu que tem como significado acampamento, fortaleza – foi se espalhando por Recife e cada vez mais escravos fugidos enfrentavam as mais diversas dificuldades para chegar ao local.
Uma imensa massa de pessoas se espalhou pelos mais de 200 km de território. A divisão politica e econômica passou a ser representadas pelos diversos agrupamentos chamados de mocambos, que possuíam uma liderança e uma organização do trabalho determinada por sua localização.
O crescimento do Quilombo teve seu ápice de desenvolvimento contando, entre 1624 e 1654, com mais de 35 mil habitantes dos quais muitos, não eram todos só ex escravos negros, eram também índios e imigrantes vindos de outros lugares.
A liderança do mais importante mocambo, chamado Macaco, era Ganga Zumba. Um grande líder militar que resistia às investidas dos capitães do mato. Mais tarde, com notícias sobre Palmares se espalhando, os governadores das Capitanias, representantes dos senhores de engenho, passaram a organizar ofensivas contra o quilombo.
Os enfrentamentos a partir daí se tornaram cada vez mais frequentes. Em cada investida, mesmo com as mais distintas formas de defesa que contava Palmares, muitos mocambos eram destruídos, mesmo que nunca se tenha desarticulado a totalidade do quilombo que tinha também estratégias de reconstrução após os ataques.
É nesse processo que surge a figura de Zumbi, sobrinho de Ganga Zumba, que já se destacava por suas mais vastas táticas de resistência e sua participação incansável da regulação das atividades palmarinas, que agora também organizava brigadas para entrar nos engenhos e libertar outros escravos.
Combatendo os mais diversos golpes dos governadores, o Quilombo dos Palmares resistiu mantendo sua avançada organização social. A destruição do quilombo ocorreu apenas no ano de 1695, quando o bandeirante Domingos Jorge Velho organizou uma expedição com o apoio de todos os senhores de escravos e de muitas outras capitanias. Zumbi foi assassinado, mas o exemplo de luta dos habitantes do Quilombo dos Palmares, que ele representa, perdurará por séculos e séculos.
Como surgiu a comemoração do Dia da Consciência Negra?
No início da década de 1970, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeriu ao seu grupo que o dia 20 de novembro fosse comemorado “Dia da Consciência Negra”, pois essa data apresentaria muito mais significado para a comunidade negra brasileira do que aquela em que se comemora a Abolição da Escravatura, outorgada pela Princesa Isabel.
A data de morte de Zumbi significaria muito mais aos negros na medida em que sua libertação creditou-se muito mais à “generosidade da Princesa Branca” do que a luta dos escravos para alcançar seus direitos.
Em 20 de novembro de 1971, houve a primeira comemoração do “Dia da Consciência Negra”, e a idéia espalhou-se pelo Brasil, alcançando outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial, já no final dos anos 70 aparecendo como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.
Fonte: https://cut.org.br/noticias/quilombo-dos-palmares-uma-historia-que-tem-que-ser-contada-6611/