Depois de ser atacada durante uma atividade nesta segunda-feira, Gladys Cristina escreveu como foi este triste momento.
“Ontem fiz parte de uma ação aqui perto de onde moro na frente da universidade Unicesumar, em Maringá – universidade particular que fica em um bairro considerado classe média alta. Reduto de votos do Bolsonaro. A ação consistia em entregar panfletos e levantar bandeiras com a foto do Lula.
O ato estava marcado para às 18 horas. Às 17 horas caiu uma tempestade aqui, um verdadeiro pé d’água, que foi um escândalo, com trovões, raios, ventos fortes e muita, mais muita água mesmo.
Lá pelas 17h45 parou de chover e o céu abriu, como se São Pedro falasse: “Chove o que tem que chover mas para tudo, antes das 18 horas porque os guerreiros da luz vão para as ruas lutar contra as trevas!”. O Brasil precisa voltar a ser livre – palavras de São Pedro ou do meu imaginário aqui.
E lá fui eu. E me encontrei com os outros companheiros. Não os conhecia até então, foi meu primeiro contato com essa galera do bem que pelo que vi já se conhecem há bastante tempo. Mas senti como se já os conhecesse, pois afinal eles também estão aqui atendendo a esse chamado com a mesma determinação que sinto queimar no meu peito! A urgência de salvar a Pátria!
No primeiro instante segurei a bandeira, teve momentos a segurar duas bandeiras e parecia até uma porta bandeira de escola de samba! Mas o que a gente não faz para defender um sonho, um ideal e a liberdade!
Este local que estávamos é bem movimentado de carros e alunos chegando para o período noturno na universidade. Estávamos no portão principal. Logo mais troquei meu posto com um companheiro que entregava os panfletos. E não imaginei que aconteceria mais aconteceu: amei entregar os panfletos e conversar com essa galera jovem, que é o futuro do Brasil! Já olhava para eles e verbalizava meu entusiasmo, de estar ali olhando para essa geração que vai fazer história e construir o futuro dessa terra que amo tanto!
Com um sorriso de orelha a orelha, eu cumprimentava com o “Boa tarde”, ”Boa noite” e oferecia o panfleto. Alguns aceitam outros não. Eu dizia aos que não aceitavam que “Tuuuudo bem, pois afinal eu estava ali lutando pelo direito de dizer não. O direito de escolha “. Luto pela democracia e pelo respeito à ela.
Alguns até mudavam de ideia, voltavam e pegavam um panfleto. Alguns tímidos diziam que iam votar no Lula, no número 13 quase sussurrando. Para cada um desses meu coração saltitava de alegria!
Outros já abriam um sorrisão quando nos viam ali! Teve até uma garota que pediu uns panfletos extras para distribuir ela mesma e se foi mais uma Ferreira, pensei! Fazíamos uma festa nesses momentos!
Falei com muita gente ontem e muitos estavam animados para votar para o Lula. Uma jovem parou do meu lado com os olhos arregalados e disse que éramos muito corajosos de estar ali! Pois ela ia votar no PT mas não tinha coragem de falar na sala de aula dela por medo das represálias. Eu disse que o importante era ela votar e falar com quem ela achava que poderia votar no 13 também.
Sorrimos e conspiramos como amigas adolescentes combinando traquinagens. Falei com ela que nossa luta era sobre isso. Para que não tivéssemos mais medo de dizer alto em bom tom, nossas ideias, nossos ideais. Que era por isso que estávamos ali, marcando presença pelo direito de escolha, pela democracia.
Mas nem tudo foram rosas. Alguns passavam gritando nos ofendendo.
O pior realmente foi um cidadão que dentro de um carro passou bem devagar e jogou spray de pimenta em mim e nos meus companheiros que estávamos na calçada, atingindo “também“ alunos da universidade, que só queriam estudar e cuidar da própria vida. Uma ação vergonhosa e violenta, que mostra a agressividade e a intolerância dos seguidores do cavaleiro do Apocalipse!
Eu fui atingida parcialmente, pois estava de costas. Mas teve companheiros que foram gravemente prejudicados. Mesmo sendo atingida parcialmente, ainda hoje estou com uma dor de cabeça medonha – sequelas desse ato violento.
Mas os organizadores da ação tomaram as providências cabíveis: vão buscar as imagens nas câmeras de segurança da UniCesumar, denunciar e responsabilizar esse cidadão por esse ato violento e COVARDE!
Se antes de ontem eu já sentia a importância de marcar presença nas ruas – com a ação de ontem veio a total confirmação dessa necessidade! É crucial pois muita gente vai sim votar no Lula dia 30 de outubro aqui no Paraná. Muitas dessas pessoas estão se sentindo sozinhas e acuadas. Vi o brilho no olhar desse povo que quer e tem todo direito de realizar essa mudança e transformar esse quadro crítico e tão medonho que está o cenário político do no Brasil nesse momento.
E é por eles e para os que ainda não se decidiram, que lutamos!
E quando cheguei em casa ainda entusiasmada de encontrar tanta gente querendo o mesmo que eu, a Democracia Plena, me veio em mente a frase da letra do nosso Hino nacional brasileiro: “VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA!”
Resistência ✊🏽”