Sindicato dos Trabalhadores nas empresas de água, esgoto e saneamento de Maringá e região noroeste do Paraná

​Sobem as ações da Sanepar: quem ganha com isso?​

Mais uma vez a diretoria da Sanepar estoura champagnes nos bastidores. Conforme foi divulgado na imprensa no início dessa semana, o valor das ações da estatal praticamente dobrou desde julho deste ano. Desde quarta-feira (21), as ações podem ser negociadas na BM&FBovespa e a empresa prevê uma arrecadação de R$1,2 bilhão.
Logo na sua primeira campanha para o governo do Estado, o governador Beto Richa prometeu não privatizar a Sanepar (conforme carta abaixo). Entretanto, a privatização da Sanepar está sendo feita aos poucos e isso já não é novidade.
Na primeira gestão já houve diversas alterações na legislação e acordos para que uma parte cada vez maior da empresa fosse cedida para ações, ampliando a participação privada. Em agosto de 2013, o governo do Estado e a Dominó Holdings assinaram um acordo de acionistas que deu a empresa privada o poder de indicar posições importantes na gestão da empresa, como a de diretor superintendente, financeiro e de operações.
Este ano a Sanepar deu mais um passo para facilitar a privatização, quando a Assembleia Legislativa aprovou o pacotaço de medidas do governo. Um dos itens aprovados permite que o governo venda as ações sem a necessidade de autorização dos deputados estaduais.
A questão é: quem ganha com a privatização? Quem são os beneficiados destes altos lucros? Enquanto as altas das ações enchem os bolsos dos acionistas, não se vê a valorização dos trabalhadores prometida pelo governador e confirmada pelo presidente Mounir Chaowiche através de um e-mail nesta semana às saneparianas e saneparianos, nem a melhoria das condições de trabalho. Alguns sistemas estão trabalhando com veículos velhos, infraestrutura fragilizada, falta transparência no ranking da leitura, PCCR enfraquecido, sem implantação da periculosidade para motoqueiros, SaneSaúde mais restrito, muitos consultores estratégicos, contratação da Publix em 2015, da Falconi em 2016 e ambas para mesmo fim, sem dar resultado que se veja; assoreamento de rio provocando falta de água por dias seguidos, ETE deficiente, etc. E a parte que vai para o Estado que é o maior acionista? Escolas sem merenda, hospitais faltando leito, famílias passando fome. É preocupante que haja tantas medidas para captação de recursos como um funil vazante.
Enquanto o Paraná privatiza – embora não admita, inclusive anuncia com grande pompa – grandes cidades do mundo seguem o caminho oposto: reestatizam o saneamento, com a visão de que água não é mercadoria, mas um direito humano fundamental. Segundo um estudo feito pela ONU, nos últimos 15 anos houve pelo menos 180 casos de reestatização do fornecimento de água e esgoto em 35 países, em cidades como Paris (França), Berlin (alemanha), Buenos Aires (Argentina), Budapeste (Hungria), La Paz (Bolívia) e Maputo (Moçambique). Por que tanto espaço e valorização do mercado? Por que temos que ser inferiores ao resto do mundo?
 

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Nota de Repúdio

O SINDAEN, vem por meio desta nota, expressar repúdio às práticas antissindicais, antiéticas e contrárias aos princípios democráticos adotadas pela Sanepar, principalmente pelos membros da

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O SINDAEN foi fundado em 15 de dezembro de 1995, por decisão de uma assembléia da categoria, para ser o sindicato específico dos trabalhadores do setor de saneamento de Maringá e Região Noroeste do Paraná.

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